sexta-feira, 20 de abril de 2012

Das diferentes formas de compreender a liberdade e o amor

O amor depende da liberdade mas, também da sensibilidade, o amor exige o saber do contexto, o cuidado com todas as partes relacionadas, exige o saber do contexto o prezar pelo processo e por aquilo que está sendo. E isso depende não só do que ele quer ser mas também do desenvolver que marca cada um nesta construção, nesta historia.
É óbvio que se me perguntarem direi que quero meus amores libres, que os quero felizes. Eu admito que ele seja plural porém necessito que ele seja leal para comigo e para com todos os amores. Não quero de forma nenhuma negligenciar o companheirismo em uma noite de bar qualquer a não ser que este já esteja incluído para além de um conhecer/prazer momentâneo, eu não troco a parceria pela boemia no máximo uno as duas.
No entanto não me engesso apenas ao amor de domingo, admito não ser simples a compreensão mas não acredito que por isso ela deva ser omitida, a omissão não pode ser base em um relacionamento, isto é longe de ser liberdade. Se praticaremos a liberdade, praticaremos em tudo, inclusive na consideração para com quem faz parte da nossa luta diária da vida, seja de forma intensa, que já venha de longa data ou os dois.
Tenhamos o bom senso de libertar o outro ao nos libertarmos, e saber quando nossas atitudes e liberdades prendem o outro, e num prender para além da simples decepção da relação ou o simples fato da perspectiva mas, para o que nossas atitudes vão trazer de consequência e que pode ser um desacreditar nas relações livres e libertárias e veja não só nas relações de amor. Já que (uma opinião talvez mas pra frente em metamorfose) talvez esta relação não compreenda uma relação de amor o não se doar de igual parte e não compreender que o leal é fundamental, gera uma relação de egoismo, amor etnocêntrico, ou até desamor porquê não?
Assim como uma oração estou a tempos inquieta a refletir: até que ponto os meus instintos fazem eu acreditar que "naquele momento é o que sinto é o que importa é o que vivo"; Não gosto desta justificativa, mas se ela existe ela precisa ser dita, precisa ser partilhada, por uma questão de igualdade de gênero, de lealdade e preservação das mútuas liberdades, pois liberdade de um lado só é prisão compulsória e sem aviso das outras partes.
Não! Não é fácil, e acredite eu não tenho resposta, até porque eu mesma não consigo levar a lealdade até as últimas consequências, é da natureza humana talvez. Também não é simples, nem sempre daremos conta de garantir a liberdade plena, acontece que este que dizes ser amor livre só é capaz de existir em um leal diálogo, é o único compromisso que ele pede a lealdade, mesmo que está não lhe pareça e não seja agradável se faz pelo menos pra mim, gata extraordinária, parafraseando as vezes meu contato com as gatas e até pegando os bordões de duas delas pra finalizar, se faz verdade libertadora, e necessária.

Mayara Alves da Silva.

Lá língua é machista. No lo puedo crer!





Cachorro = Melhor amigo do homem
Cadela = Puta

Touro = Homem forte
Vaca = Puta

O galinha = Homem que se relaciona com muitas mulheres
A galinha = Puta

Vagabundo = Homem que não trabalha
Vagabunda = Puta

Pistoleiro = Homem que mata pessoas
Pistoleira = Puta

Aventureiro = Viajantes, Desbravador
Aventureira = Puta

Homem da vida = Homem de grande experiência
Mulher da vida = Puta

Homem público = Que ocupa papel social importante
Mulher pública = Puta

Vadio = Que não faz nada
Vadia = Puta

Homem dado = Afável, de bom trato
Mulher dada = Puta

Atirado = Disponível, impetuoso
Atirada = Puta

Atrevido = Ousado, petulante
Atrevida = Puta

Ambicioso = Visionário, enérgico
Ambiciosa = Puta

Um qualquer = Fulano, Beltrano
Uma qualquer = Puta

Puto = Nervoso, irritado
Puta = Puta!

Mafalda...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O preconceito contra as mulheres está nos detalhes


Nada me cansa ou me irrita mais do que os discursos reacionários que alegam que as mulheres já conquistaram tudo que queriam ou precisavam. Essa retórica em geral é dirigida contra "as feministas" e se baseia em afirmações sobre a "completa emancipação" das mulheres, que hoje já podem "fazer tudo que um homem faz". O meu problema é: sim, podemos trabalhar como homens, mas não nos livramos da maneira como os homens e as instâncias de poder desqualificam as mulheres. Essa coluna é um apanhado de situações cotidianas em que isso acontece. Se você, leitora, tem outras experiências de discriminação, use a caixa de comentários para enviá-las.
1 - Duas mulheres sozinhas em um restaurante bacana. O garçom atende mal, não dá atenção à mesa, baseado em algumas suposições preconceituosas:
a) mulher gasta pouco, mesa boa de atender é a que tem homem;
b) fala muito, se eu atender bem não vão embora;
Em geral, o garçom também não oferece a carta de vinho, baseado na suposição de que as mulheres só bebem vinho quando o homem escolhe (porque ele sabe escolher) e porque ele vai pagar a conta. Resultado: em restaurante bom, mulher ainda é praticamente invisível. Em restaurante médio, mulher sozinha é totalmente invisível.
Tudo que se passa na cena de um restaurante tem a ver com a mais antiga das suposições, a de que lugar de mulher é em casa.
2 - Em qualquer situação de trabalho, mulheres com as mesmas qualificações dos homens são designadas para as tarefas de menor importância. Homens decidem, mulheres trabalham. A separação reflete a velha distinção entre esfera pública e esfera doméstica, porque as tarefas consideradas menores, no mundo do trabalho, são equivalentes a trabalhos domésticos, rotineiros, e de pouco valor.
3 - Sinal de distinção para homem é ser chamado de doutor. Sinal de distinção para mulheres é ser chamada de "dona", mesmo que ela seja doutora (médica ou doutora em Letras, não importa). Dra. Ruth Cardoso lutou muito contra esse estigma, ligado à idéia de que o lugar da mulher é o espaço doméstico (o "dona" se refere à "dona de casa") e que só o homem tem direito ao exercício da vida pública (o doutor é distinção profissional).
4 - Uma mulher separada, mesmo que tenha muitos filhos, não é tratada na categoria "família". Em situações corriqueiras como negociação de aluguel de imóvel, sempre que uma mulher sozinha faz consultas a imobiliárias, pergunta-se pelo marido. Se ela responder que a família é ela e os filhos, será preterida em relação a um casal com filhos. Por trás disso está o não-reconhecimento dos novos arranjos afetivos, das famílias recompostas, e o privilégio do modelo heterossexual.
5 - Mulher que reivindica seus direitos de maneira veemente é histérica, homem que faça a mesma coisa está "falando grosso", preconceito que vem desde o tempo em que mulheres eram consideradas bruxas irracionais e eram queimadas em fogueiras. Há apenas 250 anos Kant ainda afirmava que os homens raciocinavam e as mulheres sentiam. Filósofo defensor da razão universal, ele tratou de excluir as mulheres da tal universalidade da razão.
Por tudo isso, eu não só acho que os discursos conservadores e reacionários sobre o que chamam de "lugar da mulher" precisa ser firmemente combatido, mas sobretudo acho que está mais do que na hora de denunciarmos, todos os dias, insistentemente, veementemente, cada vez que uma dessas "pequenas" situações cotidianas nos discriminarem. Comece aqui contando sua história
Proteste, reclame, indigne-se você também. À luta!

Carla Rodrigues

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sentir-se amado



O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.
Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.
Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?
Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".
Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."
Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.

Martha Medeiros