terça-feira, 12 de junho de 2012


Língua dos Amantes


Desculpa a ausência de palavras belas e mimosas
Que o romantismo geralmente impõe aos poetas da madrugada;
Desculpa a ausência dos jogos de sentido tradicionais; das rimas;
Dos versos devidamente metrificados de acordo com as regras
Dos sonetos clássicos que registravam as antigas paixões...
Desculpa se, até mesmo, falta um pouco mais de poesia neste texto,
Mas, depois de pensar durante alguns dias, acabei concluindo:
Nosso amor nunca caberá em nenhum vocábulo
De nenhum vocabulário.
Mesmo que eu percorresse o dicionário de todos os dialetos
Vivos, mortos, marginais, marginalizados, esquizofrênicos, bissexuais, platônicos,
Assexuados, puristas e inventados em qualquer língua falada, escrita, sagrada...
Neologismos futurísticos que eu mesmo possa vir a criar seriam só protesto,
Mas, não seriam amor!
Sim, ate podia cogitar uma metáfora e usar a liberdade poética
Pra tentar traduzir e transmitir, pelo menos, a essência
(Já que a forma me é impossível discernir)
Dessa mescla indissolúvel de necessitar e querer
Que eu finalmente me sinto compreender e aceitar como tal;

Mas, quando me viro e observo o horizonte pela janela do quarto,
Forçando os olhos atrás da imagem que poderia preencher este vazio,
Percebo que a luz do sol poente só me traz a beleza cúmplice e complacente
Que tem o teu corpo, a tua voz, o teu jeito de olhar, a tua forma de me chamar...
E eu permito que a metáfora vire papel ao vento, pipa sem varetas ou rabiolas,
Presa pela fina linha da língua natural dos amantes que temos entre nós!

Edgar Izarelli de Oliveira

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